Dia 08, terça-feira, foi o primeiro dia da nossa empreitada. O programa dos Vigilantes do Peso é baseado em uma distribuição de pontos consideravelmente confortável; mas pra garantir mais pontos no final do dia, decidi levantar mais tarde e pular o café da manhã. Péssima estratégia. Temos 26 pontos para gastar ao longo do dia, dos quais mais ou menos 10 pontos são indicados para o almoço. Mas quem consegue gastar só 10 pontos no almoço depois de ficar 14 ou 15 horas sem comer? EU!!! Primeiro dia de re-educação alimentar é igual a primeiro dia de aula - a gente faz tudo certinho até chegar em casa, quando joga a mochila no chão e se esparrama no sofá. Mas como o dia só está começando, tudo bem - educação total. Almoçamos no restaurante da
Dona Dochinha, onde acontecem as reuniões dos
Vigilantes do Peso. Que pratos lindos! Mais tarde descobrimos que, na verdade, a quantidade de arroz e feijão que consumimos é quase do dobro que deveria ser. Oops! Too late! Pelas minhas contas, gastei 11,5 pontos no almoço. Vocês acreditam que UM, unzinho, só um ovo de codorna vale 0,5 ponto?
Três horas mais tarde, depois de resolver problemas, pagar contas e enfrentar uma fila de um supermercado in-su-por-tá-vel, cheguei ao Number One com torradas light, sardinha light e queijo frescal. E vamos às contas. (Antes: quando fui preparar o paté de sardinha com queijo, virei parte do conteúdo da lata em cima de mim na tentativa de ler a tabela de nutrientes. O resultado foi a cozinha e eu com cheiro de sardinha até a hora de ir embora. Desenvolvi, então, o hábito de fotografar não só o que comemos, mas também a tabela nutricional dos alimentos industrializados que não estão no guia dos OA, para facilitar o cálculo de pontos.)
Pela nossa matemática pueril, poderíamos comer 3 torradas com uma mistura seca de sardinha e queijo. Apesar de não soar muito bem, até que não estava ruim. É claro que se tivesse um pouquinho de maionese teria ficado muito melhor, mas como o sabor estava bom, um copo de 200 ml de Tang de laranja ajudou a empurrar. Aliás, beber enquanto se come é um assunto que eu ainda quero pesquisar.
Mais tarde uma maçã fofa (Argh!!!) e antes de ir embora alguma coisa leve e permitida.
Mas chega uma hora que a gente tem que ir pra casa, e é lá que mora o perigo. Estava fazendo muito frio e uma comidinha quentinha seria bem vinda.O problema é que, até onde eu sei, comida quente é calórica, exceto sopa de aipo e repolho (rsrssrs), o que está fora de cogitação. Eu, achando que era educada, pensei: "Vou pedir um espaguete à bolonhesa na
Fiorenza, divido a porção em quatro menores e como uma por noite." Que linda teoria!
1 xícara de macarrão cozido (sem molho) = 6 pontos
Se eu tivesse dividido a porção em quatro, já estaria tudo errado porque, como descobri 2 dias depois, 1/4 de porção da Fiorenza tem, pelo menos, duas xícaras, o que equivale a 12 pontos. Mas naquela noite fria de terça-feira, com os olhos mais esfomeados que a barriga, eu comi, no mínimo, 4 porções que, sem contar o molho, já equivalem a 24 pontos. Ou seja, numa sentada, comi os meus 26 pontos do dia e mais alguns. Mas estava tão gostoso... Numa mistura de sentimentos - prazer, dúvida, arrependimento, culpa - lembrei de todas as vezes que eu falei pro Robson que ele comia porque tinha, não porque queria ou precisava comer. E eu fiz a mesma coisa. Eu comi porque havia comida. E só parei porque chegou um momento em que eu pensei que não fazia sentido eu continuar comendo, que eu já tinha comido muito mais do que deveria e até do que costumava comer, e que, daquele jeito, iria acabar passando mal. Nesse momento eu entendi a dificuldade que as pessoas têm em controlar a compulsão de comer e percebi como seria difícil para mim adquirir novos hábitos alimentares. Afinal, estava tão gostoso...
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O primeiro de quatro pratos. |
Fui dormir com a barriga cheia e a consciência transbordando.